segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Jornada ao Oeste

A Revolução Cultural Chinesa, orquestrada por Mao Tse-Tung, utilizou para manter o estado constante de luta e superação revolucionário, entre a população, diversos meios, principalmente para fazer propaganda de suas causas e educar as ditas massas. Um desses meios foram os quadrinhos, por lá chamados lianhuanhua(termologia antiga que dava nome aos Quadrinhos chineses, hoje é usado o termo Manhwa ou Manhua), que serviram como uma forma rápida e mais eficiente de passar os conteúdos educacionais. Os Quadrinhos já eram feitos na China deste o século XIX, contudo já se fazia narrativas ilustradas muito antes, lá pelo século II a.C. , e os comunistas se apossaram da milenar cultura e os quadrinhistas são convocados para adaptarem diversas obras literárias. Entre as quais, temos Jornada ao Oeste (464 páginas, R$ 42,90), romance clássico, escrito por Wu Cheng'en, publicado no século XVI, que a editora Conrad traz pela primeira vez ao Brasil, em um dos melhores lançamentos para este ano, uma primorosa série que terá três volumes.

Wu Cheng'en se baseou no folclore e nas baladas antigas com experiências pessoais em sociedade para construir a narrativa deste clássico. Na história vemos a viagem que um monge Xuang Zang faz até a Índia em busca dos ensinamentos sagrados do budismo. Com tradução de Adan Sun, a obra e seus personagens, principalmente o companheiro da jornada do monge, o rei dos macacos Sun Wukong, influenciou diversos livros, filmes, óperas, games, peças de teatro e desenhos animados no Oriente; só para citar, o personagem de Jet Li em Forbidden Kingdom é baseado no rei dos Macacos e Son Goku, protagonista do animê Dragon Ball também é influenciado pela lenda chinesa.

A história do monge é real, sua viagem consolidou o desenvolvimento do budismo no Extremo Oriente, mas a mítica do ato reuniu diversas lendas à história real, ganhando diversas versões desta fantástica e divertida aventura, cheia dos nuances da filosofia oriental. Jornada ao Oeste é um marco na literatura mundial, comparado com o épico ocidental a Odisséia de Homero, publicado originalmente por volta de 1590, em plena Dinastia Ming. Uma narrativa divertida, cheia de intrigas, perigos e tentações; demônios, monstros e outras criaturas malignas estão atrás do monge Tang Seng, afinal, basta comer um pedaço da sua carne para ganhar a vida eterna. Para combater tais ameaças, o guarda-costas Sun Wukong vai se utilizar dos seus inúmeros poderes, dignos de um Super-Homem: imunidade contra fogo, água e qualquer instrumento cortante, pode voar montado em nuvens e névoas, carregar uma montanha em cada ombro, ficar invisível e transformar-se em qualquer coisa, seja animal vegetal ou mineral. Vemos aqui, muito antes mesmo da Marvel e da DC existir, um personagem com poderes extraordinários, que mostra a possibilidade dos chineses, além de inventarem o papel, também teriam lançado a idéia dos Quadrinhos?

Com nove capítulos, a versão em Quadrinhos foi composta por diversos artistas, no formato de dois quadros por página, sem balões e com um texto abaixo dos quadros, o trabalho é uma HQ e ao mesmo tempo um livro ilustrado, com ilustrações detalhistas e uma narrativa bem simples. A edição da Conrad está caprichada, como muito de suas publicações, com ótimo prefácio de Rogério de Campos e introdução histórica do tradutor, será uma série de três volumes, que com certeza encantará pela narrativa e pelos desenhos. Um livro imperdível, Quadrinhos e arte, história e entretenimento.

sábado, 29 de outubro de 2011

[Neil Gaiman] Odd e os Gigantes do gelo



Autor: 
Neil Gaiman
Obra: Odd e os gigantes do gelo
Editora: Rocco
Ano: 2011
País: Inglaterra
SINOPSE:
Em um pequeno vilarejo norueguês castigado por um inverno rigoroso mora Odd, um menino diferente dos demais. Órfão de pai e manco, tratado com indiferença pelos moradores – “Ele sorria até mesmo após o acidente que aleijara sua perna direita”, decide ir para uma cabana de lenhador na floresta para se afastar de tudo. Construída por seu pai, “(…) podia imaginar que aquele pequeno ambiente tinha o cheiro de seu pai, e (ali) ninguém batia nele ou o chamava de aleijado ou de idiota.” Ali, encontra três criaturas com a mais curiosa das histórias para contar, e uma missão muito perigosa para um menino com o estado limitado em que ele se encontrava.
IMPRESSÕES:
Odd e os gigantes do gelo (Odd and frost giants, tradução de Maria Beatriz Branquinho, 128 páginas, Rocco) de Neil Gaiman é um breve conto, mas que tem uma incrível narrativa. Escrito para o Dia Mundial do Livro no Reino Unido, Gaiman desenvolveu a história para contribuir com a data comemorativa, um evento anual instituído para inspirar as crianças a ler, onde autores renomados e suas editoras publicam livros a preços módicos. Seria bastante interessante que em terras tupiniquins houvesse uma política pública do porte britânico, contudo…voltemos a análise. Com uma narrativa divertida, o autor narra a história de Odd, um menino viking, considerado estranho pelos seus próximos, foge de casa, torna-se amigo de um grupo de animais da floresta – uma raposa, um urso e uma águia – que são muito mais do que parecem. Na verdade, as criaturas são os deuses nórdicos Loki, Thor e Odin, respectivamente. Enganados por um astuto e vingativo Gigante do Gelo, eles foram metamorfoseados em animais e exilados de Asgard. Oferecendo sua ajuda, Odd viaja para a terra dos deuses inicia uma jornada incrível a fim de derrotar os Gigantes do Gelo para trazer a paz de volta à Asgard – e, finalmente, dar um fim ao terrível inverno que cobria aquele pequeno vilarejo na Noruega. Para a missão, era necessário um tipo muito especial de menino. Um menino alegre, e irritante, e esperto… Um menino exatamente como Odd.
O protagonista deste a escolha do nome até a caracterização psicológica foi desenvolvido com muito zelo pelo autor. Só para exemplificar temos o jogo de significados com a palavra Odd significava a ponta de uma lâmina e era um nome que trazia sorte. Cabe dizer que o significado que recebe atualmente – uma palavra inglesa que define “esquisito” – se encaixa melhor à visão que as pessoas tinham do menino: estranho, e de má sorte.
A narrativa segue a linha de Stardust – O mistério da estrela, mas com uma temática bem mais infantil, uma prosa mais requintada e um senso de humor incomum. Os detalhes são descritos como fossem pintados a nossa frente. Ainda mais com as belíssimas ilustrações de Brett Helquist, colaborador costumeiro nos livros de Gaiman.
Com mais esse título infanto-juvenil, Gaiman mostra que o quanto é capaz de trazer o fantástico acessível às crianças. Embora moderno em seu argumento, trata a base conceitual de forma respeitosa, afetuosa e humorada. Gaiman consegue abordar de forma mágica a aventura do menino de um rincão esquecido por todos consegue ter uma grande aventura. E para o fim deixa o melhor de tudo, uma sutil moral que reflete a identidade da história, usando os temas a lealdade e a amizade.
O AUTOR Neil Gaiman começou a carreira como jornalista. A amizade com Alan Moore o levou a escrever quadrinhos profissionalmente. Seus primeiros trabalhos, e muitos posteriores, foram feitos em parceria com Dave McKean, amigo de longa data. Seu trabalho mais conhecido mundialmente é a série Sandman, mas o autor tem em seu currículo obras como Violent Cases,Orquídea Negra,Livros da Magia e Stardust. Gaiman também publicou vários romances em prosa, como Deuses AmericanosBelas MaldiçõesOs Filhos de Anansi e Coraline.
Livro: ODD E OS GIGANTES DE GELO de Neil Gaiman
Tradução: Maria Beatriz Branquinho
ISBN:978-85-7980-076-4
Páginas:128
Formato : 13,7×20
Ilustração : Brett Helquist
Preço : R$ 20,00  

Nota: 10,0

Abraços,
Cadorno Teles
spetrocad@gmail.com

 
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